Uma das obras mais surpreendentes e viscerais que já li. Já nas primeiras linhas do livro o leitor é absorvido pela densidade brutal da narrativa… Já não bastasse a pobreza e dificuldades que Reynaldo, personagem principal, já era submetido, ele assiste de uma só vez a morte da mãe, do irmão e da avó; e é levado para uma instituição de privação de liberdade para crianças e adolescentes. O livro mostra uma realidade crua e, muitas vezes cruel, da vida nos subúrbios de Havana. Sem família, educação ou qualquer outro tipo de orientação, Reynaldo aprende nas ruas a lutar pela sua sobrevivência “minuto a minuto”. Com sua condição miserável ele descobre no sexo a única forma de se sentir alguém. O que leva a narrativa a percorrer constantemente as experiências sexuais do personagem. A primeira vista o livro pode parecer um exagero apelativo de pornografia e violência, mas ao tentar responder a pergunta “tirando o sexo, o que resta da história?”, o leitor percebe que, na verdade, trata-se de uma rica obra de denúncia social. Descrever em detalhes as aventuras sexuais de Reynaldo, envoltas em sujeira, miséria e devassidão é uma forma de mostrar o quanto é cruel a vida dos excluídos. Reynaldo aprendeu que o sexo era a única forma eficiente de comunicação que ele possuía, relegando a ele uma condição quase que bestial, ao analisarmos sob o ponto de vista que ele quase que agia apenas para atender seus instintos. Tanto que por diversas vezes ao longo na narrativa ele teve oportunidades de abandonar as ruas e começar uma nova vida, mas ele sempre preferia voltar à sua “liberdade” nas ruas. Definitivamente não é um livro para quem é muito sensível.

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